O que é a infecção do trato urinário (ITU)?
- Labsca

- 23 de jul.
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A infecção do trato urinário (ITU) é uma das doenças infecciosas mais comuns, especialmente entre mulheres. No entanto, ela também pode acometer homens, crianças e idosos. Ela pode afetar desde a uretra (uretrite) até a bexiga (cistite) e os rins (pielonefrite). O diagnóstico preciso e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações e recorrências. Para isso, os exames laboratoriais desempenham um papel essencial.
A ITU é causada, na maioria das vezes, por bactérias - e a Escherichia coli é a principal vilã, responsável por até 80% dos casos. Outros agentes incluem Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e Staphylococcus saprophyticus, que também podem ser causadores de ITU.
A má higiene íntima, relação sexual sem cuidados, menopausa, cálculo renal ou alterações na próstata aumentam o risco de infecção. Os sintomas mais comuns incluem ardência ao urinar, aumento da frequência urinária, urgência para urinar, mudanças na cor, odor e aspecto da urina, dor pélvica e, em casos mais graves, febre e dor lombar.
Exames laboratoriais essenciais para o diagnóstico
1. EAS (Elementos Anormais e Sedimentoscopia) "exame de urina tipo 1"
Esse exame é o primeiro passo na investigação de uma ITU. Ele analisa características físicas, químicas e microscópicas da urina. Aspectos físicos: cor, odor, turbidez. Aspectos químicos: presença de nitrito (indica bactérias), leucócitos (glóbulos brancos), proteína e sangue. Sedimentoscopia: revela leucócitos, hemácias e a presença de bactérias quando o sedimento urinário é avaliado no microscópio. Um EAS com leucocitúria (aumento de leucócitos >10.000/mL) e bacteriúria (aumento de bactérias) significativa levanta forte suspeita de ITU.
2. Urocultura com Antibiograma
A urocultura é o exame essencial para o diagnóstico da infecção urinária. Ela permite identificar o microrganismo causador da infecção e determinar sua sensibilidade a antibióticos, orientando um tratamento mais eficaz.
Coleta correta: é essencial colher a urina do jato médio, após a higiene íntima, para evitar contaminações. Resultado positivo: crescimento de ≥ 100.000 unidades formadoras de colônia (UFC)/mL geralmente confirma infecção. Antibiograma (teste de sensibilidade a antibióticos): indica quais antibióticos são eficazes contra a bactéria isolada, evitando uso desnecessário de medicamentos e desencadeando uma resistência bacteriana a antibióticos.
3. Hemograma
Embora não seja específico para ITU, o hemograma pode mostrar sinais de infecção sistêmica, como leucocitose (aumento dos glóbulos brancos) e desvio à esquerda, especialmente em casos mais graves, como a pielonefrite.
4. Exames complementares
PCR (Proteína C Reativa) e VHS: ajudam a avaliar a gravidade da inflamação. Exames de imagem (ultrassonografia renal, tomografia) são indicados quando há suspeita de complicações, como obstrução, cálculos ou infecções recorrentes.
Tratamento e prevenção
O tratamento envolve repouso, uso de antinflamatórios e os antibióticos específicos que vão ser escolhidos pelo médico conforme o resultado do teste de sensibilidade a antibióticos. A prevenção inclui beber água, manter a higiene íntima, urinar após a relação sexual e não segurar a urina por um longo período de tempo.
A importância do diagnóstico correto
O uso indiscriminado de antibióticos sem diagnóstico confirmado pode mascarar sintomas, dificultar o tratamento futuro e favorecer a resistência bacteriana. Por isso, sempre que possível, a conduta ideal é realizar a urocultura antes de iniciar o antibiótico. Os exames laboratoriais são aliados indispensáveis no diagnóstico e tratamento da infecção urinária. Eles não só confirmam a presença da infecção como também direcionam o tratamento mais adequado.
Referências Bibliográficas
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de Infecções do Trato Urinário – Caderno de Atenção Básica, 2016.
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Recomendações para a coleta e interpretação da urocultura, 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Infecção do Trato Urinário (ITU). Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
SILVA, J. B. et al. Infecção do trato urinário: diagnóstico laboratorial e perfil de resistência antimicrobiana. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 52, n. 3, p. 238–244, 2020.
PEREIRA, A. R. R.; FERREIRA, M. S. Importância dos exames laboratoriais no diagnóstico da infecção urinária em mulheres. Revista Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 16, n. 11, p. 37–45, 2022.







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